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O que é fascismo? Aprenda tudo agora – Sobre Varejo

Apesar de muito falado e comentado muitas pessoas ainda tem dúvidas sobre o que é fascismo? Por isso, preparamos esse artigo para explicar tim tim por tim tim, o que ele significa e representa.


O que é fascismo

O que é fascismo?

Como em qualquer ideologia e movimento político, não existe apenas um fascismo, mas diversas variações, especialmente de acordo com cada contexto nacional, por exemplo:

  • Fascismo italiano.
  • Nazismo.
  • Fascismo clerical.
  • Integralismo.
  • Metaxismo Grego.
  • Legionarismo Romeno.
  • Falangismo.
  • Entre outros exemplos.

Os fundamentos da ideologia fascista estão na Europa do final do século XIX, durante a segunda Revolução Industrial, um período de profundas transformações filosóficas, econômicas e sociais, que motivaram novas ideias e abordagem sobre a sociedade, a política e a economia.

Algumas delas inspiraram ou basearam os movimentos fascistas do século XX. Por exemplo: A ideia de que as mudanças sociais da revolução industrial, criaram uma modernidade estruturada na razão que corrompia os valores das novas gerações.

Por isso, seria necessário defender perspectivas tradicionalistas ou morais de sociedade.

Para alguns dos pensadores que inspiraram os fascismos, essa modernidade era apoiada no individualismo iluminista, que deveria ser combatido pelo coletivismo, pois o indivíduo seria insuficiente para lidar com a suposta crise civilizatória da sociedade.

Especificamente, um coletivismo nacionalista, sustentado no culto de costumes, de símbolos nacionais, na romantização do passado e a visão da história como um epopéia heróica de um povo específico.

Materialismo

Outra base da modernidade seria o materialismo, cuja resposta seria então o sentimentalismo.

Assim, afirmava que a prosperidade material se uma finalidade maior e supostamente nobre seria vazia.

Outro componente foi a projeção social e distorcida da teoria da evolução ideológica, uma novidade da época, para alguns “Darwinistas sociais”, as sociedades estariam em um estado de permanente competição.

E sociedades fracas ou indivíduos, seriam extintos na luta pela sobrevivência do mais apto.

Isso justificaria a expansão territorial imperialista daquele povo, assim como o medo de tal extinção por outro povo por: inimigo ideológico ou por um complô. Todos esses aspectos vão se juntar como essência do que: nos fascismos, seria a sociedade capaz de lidar com as mudanças do período.

Uma coletividade nacionalista unida por tradições e por sentimentos, em permanente estado de guerra, movida pela percepção de conquistar ou afirmar sua superioridade em relação à outras sociedades com o objetivo final apoteótico, com a glorificação do uso da violência nacionalista como um meio de atingir essa sociedade, seja pela coerção de compatriotas ou a conquista territorial.

Em nome dessa primazia em nome de um interesse nacional homogêneo, os fascistas repudiam a discordância, as disputas sociais, e a política representativa parlamentar com argumentos sentimentais.

Essa é a origem inclusive da simbologia do fascismo, baseado na representação romana para o poder coletivo executado via estado. Um indivíduo (ou um feixe) é facilmente quebrado, um agrupamento nacional de feixes seria inquebrável.

A história

Inicialmente as ideias fascistas não ganharam muitos simpatizantes com economias européias prósperas e sociedades menos radicalizadas. O que hoje chamamos de “belle époque”.

Os movimentos políticos fascistas organizados deram força a um contexto histórico específico, relacionado com três eventos.

Primeira Grande Guerra.

A imensa perda de vidas, devastação e destruição econômica da grande guerra. As tecnologias e a capacidade industrial moderna que eram tidas como inovação para o conforto e para a maravilha da sociedade, agora eram vistas como maneiras de destruição e de morte.

Um sentimento de desamparo e de revolta, tomou parte das sociedades, especialmente dos países derrotados que, além da destruição, conviviam com a humilhação.

Outro aspecto importante do conflito foi ter sido uma guerra total, ou seja, uma guerra entre as sociedades e economias, disputada não apenas nos campos de batalha, mas também com cidades e civis como alvos.

Isso vai motivar a defesa pelos fascistas, de sociedades militarizadas desde a infância. Ser um nacional era sinônimo de ser um soldado, um legionário, um cruzado, ou a mãe de um.

Finalmente, onde antes existiam apenas três impérios, agora eram onze países.

Desses, nove terão governos fascistas, ou com elementos fascistas até a segunda guerra mundial. Com fortes sentimentos nacionalistas nesses novos países, e populações fora de suas fronteiras.


Revoluções Russas de 1917.

Outro contexto das revoluções russas de 1917.

Os movimentos fascistas como na Itália, receberão apoio de alguns setores liberais:

Monarcas, alguns conservadores e religiosos, que viam o fascismo como uma maneira nacionalista de conter a insatisfação da população canalizando-as para ideias de unidade nacional, buscando evitar assim revoluções socialistas inspiradas pelas ocorridas na Rússia. Algo ainda muito recente naquela época.

Finalmente, a crise de 1929.

A crise causa grandes danos econômicos, em diversos países europeus causa desemprego e hiperinflação, prejudicando a recuperação do pós guerra.

No caso dos países derrotados, ainda existia a obrigação do pagamento de reparações de guerra, além disso, a percepção da maioria das pessoas no período, foi de que a crise significou o fracasso do liberalismo.

Ganharam força então, a defesa de modelos de intervenção na economia.

Na perspectiva dos fascistas, o capitalismo autárquico, ou seja, uma suposta necessidade da introdução do nacionalismo no capitalismo. Com economias com empresas e bancos privados tendo o estado como sócio, principal cliente e protetor. Algo as vezes chamado de capitalismo iliberal ou autoritário.

Após a crise de 1929, que o fascismo ganha força nos países Europeus que não foram derrotados ou criados especificamente no contexto da grande guerra.

Como resultado desses eventos, os movimentos fascistas vão crescer por fornecerem supostas soluções alternativas para as populações frustadas.

Desde massas populares de operários desempregados, ex-soldados afetados pela guerra, setores de classe média urbana afetados pela crise, até aristocratas e grandes empresários.

A Itália de Mussolini.

Nesse momento você talvez esteja pensando no mais conhecido exemplo de fascismo, a Itália de Mussolini, que não foi um país derrotado na guerra e chegou ao poder antes de crise de 1929.

Após a grande guerra, a Itália estava com a sua economia devastada e endividada, e internamente radicalizada.

Principalmente, a sociedade italiana se sentiu traída pelos seus aliados, sem receber os territórios prometidos pela vitória, no que foi chamado de vitória mutilada.

Isso vai gerar um ressentimento em relação à França e ao Reino Unido, e ao que esses governos representavam.

O desejo de desenvolvimento industrial no país rural, o ressentimento e o desejo expansionista de impor a Itália como uma potência, serão algumas da bases do fascismo italiano, que chega ao poder com a marcha sobre Roma.

As incertezas do período seriam então sanadas por um líder carismático com capacidade de apontar os caminhos nacionais.

Socialmente, os fascismos eram baseados em fortes identidades estéticas orientadas na idealização do passado, e da valorização de tradições e das visões românticas daquela sociedade. Por exemplo:

Os fascistas italianos vão invocar o legado Romano. Em outros casos, a identidade religiosa ou cruzada. Também orientadas pela ideia do inimigo que estaria sempre à espreita.

A carência material e a sensação de humilhação serão substituídos por um senso de propósito nacionalista com o objetivo grandioso: Como um reich (império ou reino) de mil anos ou a glória colonial.

Para esse objetivo seria justificável “matar ou morrer” com culto da violência ou do sacrifício em nome da nação.

Esse objetivo seria atingido pelo expansionismo territorial, que era visto como um direito e pela indústria nacional. Com uma coisa alimentando a outra, via produção bélica que recuperava as economias.

Por isso, os regimes fascistas Europeus foram vistos como sucesso econômico inspirando movimentos similares em outros lugares, inclusive na América Latina.

Ao mesmo tempo esse desenvolvimento pela indústria bélica, impunha uma quase necessidade da guerra. O que eventualmente aconteceu com as expansões autoritárias dos regimes fascistas que estão nos antecedentes da segunda guerra mundial.

Ainda assim, as ideias fascistas vão continuar ressoando após o conflito ainda mais destrutivo que o anterior. Especialmente em situações em que a sociedade passa por incertezas e desamparo.

Notaram que pouco falamos de regimes específicos? Isso para não deixar o artigo muito longo, e como sempre frisamos que esse conteúdo foi um recorte, um panorama geral e que fontes e muitas sugestões de leitura vão estar abaixo desse conteúdo.

 

Principais Fontes:

A History of Fascism, 1914–1945, de Stanley G. Payne.

O preço da destruição: Construção e ruína da economia alemã, de Adam Tooze.

A Chegada do Terceiro Reich, de Richard J. Evans

 

Imagem: @photobeps

 


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